Metropolização e segregação urbana na Mesoregião Sul Cearense

Francisco do O’ de Lima Júnior

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O presente trabalho objetiva descrever o processo de segregação urbana na Mesorregião Sul do Estado do Ceará – também denominada de Região do Cariri – no Nordeste brasileiro, que ganha novas características com a criação de sua a Região Metropolitana.

Embora submetido a algumas especificidades que particularizam o seu contexto histórico-físico-geográfico, o avanço da urbanização no interior do Estado do Ceará e mais precisamente na Mesorregião Sul, segue determinações requeridas pelo conjunto de transformações decorrentes da atual etapa do desenvolvimento capitalista. Nos países periféricos tais transformações são mais sérias tendo em vista o quadro de disparidades sociais, econômicas e espaciais.

Seus efeitos sobre o espaço desta Mesorregião podem ser observados amplamente como parte da lógica que conforma o sistema urbano nacional e estadual. Entretanto, os impactos intra-urbanos com acentuada diferenciação e intensa segregação tornam a problemática urbana com suas negligências ao direito à cidade nestes centros de médio e pequeno porte semelhantes à de grandes metrópoles.

A Mesorregião Sul Cearense localiza-se na porção meridional do Ceará limita-se com os estados de Pernambuco, Paraíba e Piauí. Segundo o Censo Demográfico 2010 do IBGE, tem população de 876.600 habitantes, sendo 70,6% residentes em áreas urbanas. Isso lhe confere grau de urbanização no estado inferior apenas à Região Metropolitana de Fortaleza (97,1%) e muito superior as das demais mesorregiões: Noroeste Cearense (59,4%); Norte Cearense (55,8%), Sertões Cearenses (54,8%) e Centro Sul Cearense (60,5%). Trata-se de 25 municípios distribuídos em cinco microrregiões que apresentam um PIB a preços de mercado de R$ 2.660 mil e um PIB per capita de R$ 3.111,00.

A criação da Região Metropolitana do Cariri (RMC) em 2007, abrangendo os principais municípios da Mesorregião em estudo é uma ocorrência emblemática destas questões. Tendo como core a conurbação formada pelas cidades de Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha, existe uma organicidade entre elas capitaneada por Juazeiro do Norte, que favorece a diferenciação intra-urbana. As áreas periféricas às vias de ligação entre as três cidades concentram maior pobreza sendo atendidas com restrições em termos de serviços de consumo coletivo como os básicos (abastecimento de água e esgotamento sanitários) e transporte público negando o direito de vida em condições mínimas na cidade. As populações destas áreas são em sua maioria proveniente do crescente êxodo rural ainda observado na região. Nas áreas pertencentes àquelas vias de ligação, observam-se dois tipos de segregação espacial: a expansão dos condomínios fechados entre Juazeiro do Norte e Barbalha e expansão das áreas de negócios entre Juazeiro do Norte e Crato. Em ambos os casos, a disponibilidade de infra-estrutura mínima garantida pelo planejamento público são nítidas.

Com isso, observa-se que a diferenciação do uso do espaço urbano segue ritmo determinado pelas forças do boom urbano e que neste estudo de caso, também é ditado pela dinâmica da cidade de Juazeiro do Norte.

Francisco do O’ de Lima Júnior, Universitätsassistent am Institut für Ökonomie an der Regionaluniversität Cariri (URCA), Brasilien; Doktoratsstudium in Wirtschaftsentwicklung, Schwerpunkt Regional- und Stadtökonomie am Institut für Ökonomie der Universität Campinas (UNICAMP), Brasilien und – im Rahmen des Programms für Sandwich-Doktorate im Ausland (PDSE/CAPES) – an der Universität Innsbruck, Österreich.

limajunior_economia@yahoo.com.br